quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ricardo Teixeira pode ficar com 100% dos lucros do COL da Copa

Contrato social obtido com exclusividade mostra que lucros do Comitê da Copa serão distribuídos de acordo com a conveniência de seus sócios


Uma sociedade, dois sócios e a possibilidade de muitos lucros. Esse é o resumo da constituição do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. Com exclusividade, o LANCENET! teve acesso ao contrato social da entidade que tem por responsáveis Ricardo Teixeira, em sua pessoa física, e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O documento traz um detalhe capaz de escandalizar os brasileiros: os lucros obtidos pelo comitê serão distribuídos de acordo com a conveniência de seus sócios, sem respeitar a proporção de participação que cabe a cada um no capital societário.

Pelo contrato registrado na Junta Comercial do Rio de Janeiro, Teixeira pode mandar e desmandar em todos os assuntos do comitê. Porque, além de ser sócio, o dirigente é o responsável por representar a CBF, por ocupar o posto de presidente da entidade.

E apesar de a divisão das cotas estabelecer 99,99% da participação societária para a CBF e 0,01% para Teixeira, a manobra estatutária que deu ao dirigente o poder de endereçar lucros para onde desejar foi registrada no parágrafo 1º, do Capítulo V do contrato social.

Com este artifício, Teixeira pode até destinar 100% dos lucros para si ou investir em projetos sociais ou de interesse da CBF.

Um dos argumentos que servem para levantar suspeição sobre as intenções de Teixeira está no fato de que para organizar a candidatura brasileira para receber a Copa 2014, criou-se um comitê sem fins lucrativos. Mas, com a sede garantida, desprezou-se o primeiro modelo e constituiu-se uma sociedade limitada, com regras próprias para distribuição dos lucros a serem obtidos.



Os indícios de irregularidades no contrato social do comitê foram descritos no parecer do procurador regional da Junta Comercial do Rio de Janeiro, Gustavo Borba. Mas apesar das restrições, a constituição da companhia e seu estatuto foram aprovados pela assembleia da entidade.

O LANCE! PROCUROU O COL PARA OBTER RESPOSTAS SOBRE OS ASSUNTOS, MAS TEIXEIRA NÃO SE PRONUNCIOU

1) Por que durante a disputa para ser eleito a sede da Copa do Mundo de 2014, o órgão responsável pela candidatura foi uma sociedade sem fins lucrativos e, após o Brasil ter sido eleito, o modelo de gestão foi trocado para uma sociedade limitada?

2) Por que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, em sua pessoa física, foi constituído como um dos sócios do Comitê Organizador Local?

3) Que destino terá os lucros obtidos com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil?

4) Qual é a atual formação do Comitê Organizador Local? Quais são seus presidente, diretores e gerentes?

5) Quantas cotas de patrocínio serão vendidas para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil?

6) Como é a negociação de patrocínio para a Copa do Mundo de 2014? Quem conduz as negociações? A Fifa? O Comitê Organizador Local?

7) Qual o valor das cotas de patrocínio negociadas para a Copa do Mundo de 2014?

8) Quantas empresas já adquiriram cotas para patrocinar a Copa do Mundo de 2014? Quais são elas?




sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Princípios bioativos do arroz integral podem evitar doenças diversas

Depois de passar oito anos estudando as propriedades nutricionais de todas as variações do arroz (polido, integral, parboilizado, preto e vermelho), pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP chegaram a conclusões que podem parecer surpreendentes aos olhos dos consumidores. Foi constatado que o arroz do tipo integral tem propriedades que vão muito além da tão valorizada presença de fibras: ele é rico em vitaminas, sais minerais e, acima de tudo, possui princípios bioativos que podem diminuir as chances de desenvolvimento de doenças cardíacas, câncer, diabetes e obesidade.
Mas por que, afinal, só o arroz integral possui essas propriedades? A professora Ursula Lanfer Marquez, coordenadora da linha de pesquisa Características nutricionais e propriedades funcionais do arroz, explica que a diferença está justamente no tipo de beneficiamento do grão. Enquanto o arroz integral, quando descascado, mantém o chamado “farelo” (camadas externas ao endosperma, onde estão os nutrientes e compostos bioativos), o arroz polido (ou branco) perde todas essas camadas, restando o endosperma, rico apenas em amido e proteínas.
O arroz parboilizado, por sua vez, pode ser integral ou polido. Porém, neste caso o grão passa por um pré-cozimento antes de ser descascado - portanto, mesmo quando é integral, perde algumas de suas propriedades no processo. "O pré-cozimento é feito pois evita que o arroz se quebre quando descascado, aumenta a vida de prateleira e, quando cozido, fica sempre soltinho. Como o arroz quebrado não tem valor comercial, o gasto com a parboilização é compensado pelos prováveis prejuízos com quebras", explica a professora Ursula.
Bioatividade - Assim, o arroz integral é o único que conserva os chamados compostos bioativos, que são aqueles que têm atividades sobre organismos vivos. No caso do arroz, já foram confirmados pelo menos dois tipos de atividades: antioxidante e hipocolesterolêmica (reduz a taxa de colesterol no sangue).
Um dos compostos responsáveis por essas atividades é o orizanol, substância própria do arroz, que possui as duas propriedades. Além dele, a vitamina E e os compostos fenólicos apresentam atividade antioxidante, capazes de evitar o estresse oxidativo no organismo, relacionado a problemas cardiovasculares, câncer e inflamações, isto é, a doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, em geral. Segundo a professora Ursula, outros tipos de arroz, como o preto e o vermelho, apresentam uma atividade antioxidante ainda maior do que a do arroz integral.
Entre tantos grãos - É no mínino curioso que todos esses benefícios proporcionados pelo arroz, um alimento tão popular e acessível no país, sejam tão pouco conhecidos e estudados. Ainda mais numa época em que é crescente a preocupação com a alimentação, fato que a mídia e a própria publicidade tornam evidente.
Para a professora, isso ocorre porque o arroz não é uma novidade para a população. “Ninguém fala disso porque o arroz é consumido pelo homem há cinco milhões de anos. O consumidor não cria expectativas em relação ao produto”, explica Ursula. “Por outro lado, há bastante interesse quando se fala de grãos diferentes, como a quinoa ou o amaranto. Mas o fato é que o arroz pode apresentar muito mais benefícios à saúde do que esses outros grãos”, pondera.
Segundo Ursula, o grupo de pesquisadores do seu laboratório tem como objetivo divulgar cada vez mais esses benefícios, e desmistificar o vínculo existente entre os benefícios dos alimentos e o fato de eles serem ou não fontes de fibra. “Antes, tudo era ligado à fibra, mas nós já constatamos que os benefícios à saúde não dependem só dela. Os benefícios estão relacionados aos princípios bioativos”, diz. A equipe ainda pretende incentivar o consumo de cereais integrais não-trigo, determinar as quantidades de ingestão mínima de arroz integral para que haja efeito sobre o organismo e tentar estabelecer um reconhecimento formal de todas as propriedades benéficas do arroz.
Texto: Mariana Midori Isagawa
Fonte: USP Online
Publicado em: 05/11/2010